Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), perdeu um importante sustentáculo em sua articulação política no comando da entidade: o dirigente já não possui mais apoio no Supremo Tribunal Federal (STF), em especial do ministro Gilmar Mendes. Segundo fontes do Portal LeoDias ligadas à CBF, a falta de cumprimento de acordos e a exposição provocada por polêmicas recentes irritaram membros da Corte, que se afastaram do grupo de aliados. Em meio a isso, a polêmica envolvendo a suposta assinatura falsa de Coronel Nunes no acordo garantiu sua reeleição toma cada vez mais sinais de escândalo após um laudo pericial confirmar a adulteração.
Gilmar Mendes, responsável pela decisão que manteve Ednaldo Rodrigues no cargo e por homologar o acordo que garantiu estabilidade política ao dirigente, se irritou diante das notícias sobre sua relação comercial com a entidade.
O ministro é um dos donos do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa) empresa que mantém um acordo milionário com a CBF para administração e operação da CBF Academy, que é um instituto de ensino responsável por formar profissionais do futebol no país. O vínculo foi revelado em reportagem da revista Piauí.
A série de notícias ligando Gilmar Mendes às extravagâncias da gestão Ednaldo enfureceu o ministro, que agora busca se desvincular do dirigente. Outro fator de insatisfação foi um acordo feito antes do pleito que culminou na reeleição de Rodrigues, em março, e que acabou sendo descumprido.
O presidente da CBF teria se comprometido a indicar três nomes escolhidos por Mendes e Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF, para compor a chapa com oito vice-presidentes. No entanto, apenas um dos indicados pelos ministros foi efetivamente nomeado.
Com forte influência no meio esportivo, Mendes possui aliados em diversas federações e em órgãos como o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e o Sindicato das Associações de Futebol (Sindbol).
Em meio ao afastamento do STF da gestão de Ednaldo Rodrigues, uma grave suspeita jurídica ameaça anular o acordo firmado no início deste ano entre a CBF, cinco dirigentes de futebol e a Federação Mineira de Futebol (FMF), o qual sustentou a reeleição do atual presidente da entidade.
Conforme revelado pelo Portal LeoDias, um dos signatários do acordo homologado pelo Supremo foi o ex-presidente da CBF, Coronel Nunes. No entanto, meses antes de assinar o documento, Nunes se declarou incapaz em um processo relacionado a descontos em sua pensão como ex-policial militar do Pará, em 2024. Um laudo emitido em 2023, assinado pelo neurologista Jorge Roberto Pagura, atesta que o dirigente sofre de “ataxia com piora no déficit cognitivo”.
Fontes próximas à família relatam que, há anos, Coronel Nunes enfrenta sérias dificuldades cognitivas e não consegue realizar atividades cotidianas sem o auxílio da esposa e de uma das filhas.
Diante disso, surgiu a suspeita de que a assinatura de Nunes no acordo homologado possa ter sido falsificada. Caso a suspeita seja confirmada, o documento poderá ser anulado, o que abriria caminho para a reversão judicial das eleições de 2022 e 2025 e, consequentemente, a retirada de Ednaldo Rodrigues do comando da CBF.
O Portal LeoDias também obteve, com exclusividade, documentos que comprovam o repasse de mais de R$ 3,5 milhões da CBF para contas jurídicas ligadas a Coronel Nunes entre 2022 e 2024. As transferências teriam ocorrido mensalmente, no valor de R$ 100 mil cada.